Foi notícia nos jornais, recentemente, a descoberta de fosseis humanos numa caverna, em Marrocos, com cerca de trezentos mil anos.

Não estamos a falar de fosseis de “primos” de alguma espécie próxima, mas sim de seres humanos anatomicamente modernos. Seres que, sem grande esforço e com algumas roupas em cima passariam por qualquer um de nós sem que sequer dessemos por eles.

Esta descoberta é significativa porque empurra a existência de seres humanos modernos 100.000 anos para trás. Mais ainda, mostra que os seres humanos modernos estavam bem mais disseminados do que aquilo que se pensava até agora.
 
Esta descoberta trás com ela perguntas fundamentais, ou por outra, agrava as perguntas que existiam já.
 
-Se os seres humanos modernos estavam disseminados pelo continente Africano há 300.000 anos, e se eram, em tudo, iguais aquilo que a humanidade é, porque não se espalharam pelo globo mais cedo?
 
-Se eram iguais a nós, porque é que as primeiras representações de simbologia e arte aparecem apenas há cerca de 35.400 (pouco mais que 10% do tempo da existência da espécie) na Indonésia?
 
-Se as primeiras cidades e civilizações datam da Suméria há cerca de 5.000 anos, o que andou a humanidade a fazer nos restantes 295.000 (pelo menos, uma vez que esta descoberta põe em causa o berço da humanidade – ou esta se formou em Marrocos e se expandiu a partir daí ou apareceu mais cedo noutro local ainda por identificar)?
 
Mas destas perguntas a mais intrigante é a segunda. O que transformou a humanidade em seres simbólicos? O que terá dado origem à abstracção e à simbologia?
 
-Será que o homo sapiens sapiens, por si só, não é um animal assim tão interessante? Será que absorvemos esta capacidade para a simbologia ao hibridizar com os Neandertalensis ou os Denisonovanos, ou até mesmo com outras espécies humanas ainda por identificar?
 
-Ou terá sido o Homo Sapiens Sapiens forçado a sair de África, por algum motivo natural, como alterações climáticas e uma mudança na dieta disponível tenha vindo a despoletar algo no cérebro, como por exemplo, o consumo de plantas e fungos com propriedades psicotrópicas?

2 comentários:

  1. Pois, parece que o mundo já foi mundo mesmo antes de o ser...

    ...ou então andamos às voltas e voltamos sempre ao mesmo sitio!

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    1. Até ao dia em que haja abertura da arqueologia a novas ideias, para as quais as provas parecem andar espalhadas pelo mundo...
      Até ao dia em que as autoridades egípcias decidam investigar (se é que não o fizeram já) ou revelar o que encontraram (se já o fizeram) nas galerias, câmaras e tuneis por baixo da esfinge e de todo o planalto de gizé (e que se sabe que lá estão graças à maravilhosa tecnologia dos radares de penetração...
      Até ao dia em que as autoridades chinesas deixem de plantar arvores por cima das pirâmides para as esconder e permitirem investigações nas mesmas...
      Até ao dia em que se faça uma investigação séria acerca do complexo de pirâmides de Visoko...

      Nunca se saberá!

      Mas nenhuma verdade permanecerá oculta. A descoberta de Gobekli Tepe foi e continua a ser uma pedra no sapato da arqueologia, empurrando datas para trás em milhares de anos. E aquilo que se está a encontrar em Gunung Padang, a empurrar as datas ainda mais para trás, com todo o apoio do governo Indonésio para quem as investigações são fonte de orgulho nacional (como deveriam ser no Egipto) são uma pedra tão grande que, se não fosse por esse mesmo orgulho nacionalista, as investigações já tinham parado.

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