Recapitulando.
 
Até há pouco tempo julgava-se que o Homo Sapiens existia na sua forma moderna desde há cerca de 200.000 anos, originário do centro de África.
Descobertas recentes desafiam esta datação. Havia Homo Sapiens modernos há 300.000 anos em Marrocos. A não ser que o Homo Sapiens seja originário de Marrocos, isso quererá dizer que a espécie já existiria há bastante mais tempo, o suficiente para se disseminar pelo continente Africano.
Sabemos ainda que há 60.000 anos um desses Homo Sapiens deu origem a uma linhagem que acabou por sair de África há cerca de 40.000 anos atrás, altura que coincide com aquilo que se pensava ter sido uma extinção do Homo Neanderthalensis, mas que se sabe hoje em dia que foi afinal uma miscigenação, não só com este último na Europa, mas também com os Denisonovanos na Ásia e suspeita-se que houve ainda mais espécies absorvidas, o que faria com que os Homo Sapiens puros fossem apenas os Africanos.
É nesta mesma altura, há cerca de 40.000 anos atrás que a humanidade ganha simbolismo e abstracção no pensamento, sendo dessa altura as primeiras pinturas rupestres.
 
Há duas coisas que saltam à vista destas afirmações anteriores:
 
Seres iguais a nós, com as mesmas características, com o mesmo volume cerebral, viveram pelo menos 260.000 anos em África (e, a não ser que sejamos todos originários de Marrocos será bem mais que 260.000 anos), antes de se espalharem pelo mundo.
 
Só depois disto aparece a criação artística e só nos últimos 6000 anos a civilização!
 
Levando isto em conta, ainda que consideremos somente os 300.000 anos, tornamo-nos simbólicos há apenas mais ou menos 14% do tempo da nossa existência e inventamos a civilização há apenas 2%! Convenhamos que isto é um resultado francamente mau, sobretudo quando aparentemente, até inventarmos a civilização, não houve grandes mudanças no nosso modo de vida a não ser as provocadas por factores climáticos. Apesar de anatomicamente modernos, de termos um cérebro igual, não evoluímos nada durante 86% da existência da espécie e apenas inventamos a roda e a agricultura ao fim de 98%?
 
Creio que, só de olhar para os números a frio, torna-se evidente que algo se passou há 40.000 anos atrás. Houve um despertar de consciência! Mas o que terá levado a isso?
 
Alguns advogam que o uso de substâncias psico-activas pode estar na fonte desse despertar. Não advogo esta hipótese em absoluto, uma vez que está bem documentada a procura dessas substâncias por várias espécies animais, o que não faria do Homo Sapiens um caso único, sendo que a espécie já procuraria esse tipo de substâncias antes, habito herdado já de antepassados extintos, por certo.
Ainda assim, pode dar-se o facto de, com as migrações para fora de África, uma qualquer substância diferente do habitual poder ter provocado alterações no cérebro.
 
Mas há a questão da hibridização…
 
Poderiam os genes das outras espécies absorvidas ter estado na génese da mudança?
Será que o Homo Sapiens, por si só, não é uma espécie assim tão interessante?

2 comentários:

  1. Venham do tempo que vierem, tenham sofrido alterações por via do que for, continuamos Homo Sapiens desinteressantes, belicosos e pouco inteligentes, o único animal a criar a sua própria extinção.

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    1. Sem dúvida...

      ...mas somos, ao mesmo tempo, tão mais do que isso...

      Perceber o que aconteceu e porquê poderá apontar caminhos futuros. Porque o Homo Sapiens tem em si o potencial para ser um Deus. Mas há que perceber porque escolhe deliberadamente não o ser contra toda a logica.

      Não será importante perceber de onde surgiu esse potencial? Ou descartamos ad perguntas e continuamos no escuro e com receio da luz?

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