Tudo precisa, verdadeiramente, de um propósito, com a possível excepção da arte.

Muita gente se pergunta, quando confrontados com a realidade de alguns ataques terroristas, como é possível que jovens criados na Europa, muitos sem qualquer ligação ao Islão na sua educação, se transformem não só em radicais Islâmicos, como até em soldados ou terroristas suicidas em organizações radicais. Não se percebe como um jovem qualquer, nascido num país ocidental, de pais ocidentais, não raro ateus ou professantes de um qualquer ramo do Cristianismo, se tornam assassinos religiosos.

As respostas poderiam ser muitas e complexas, mas, quando olhamos para a base de tudo, vem à tona uma razão simples: Propósito!

Quando se olha de forma critica para a sociedade em que estamos inseridos, não é difícil chegar à conclusão que cada vez mais as pessoas se sentem perdidas. Não há um propósito para as suas vidas que não seja ganhar dinheiro que serve para gastar em coisas supérfluas que são muitas vezes produzidas por si próprios. A existência, na sociedade Ocidental, parece ter como propósito único o consumo. O sucesso é medido pela quantidade de tralha inútil que se consegue acumular, pela capacidade de comprar coisas. Se alguém não consegue comprar tralhas supérfluas, estará no fundo da sociedade.

Este propósito não leva a coisa alguma com significado. Mas leva a uma pressão dos pares. Alguém que use roupas de marca estará um degrau acima de quem não as consegue comprar. Alguém que tem um carro maior e mais potente é mais considerado do que alguém que se desloque num veiculo simples e sem mariquices. Ter um telemóvel topo de gama cheio de funções que não são usadas é uma obrigatoriedade… Esta pressão social, em que Deus é substituído por Marcas (está cientificamente estudada esta associação) leva a que muitos jovens de famílias de baixo rendimento cresçam revoltados.

Sem acesso às mesmas condições, quer na educação, quer na saúde, quer em qualquer outra parte da sociedade, muitos jovens viram-se para a criminalidade como forma de obter dinheiro fácil que lhes permita estar em pé de igualdade com os outros, que nascem em melhores condições sociais.
Mas uns e outros levam vidas desprovidas de significado. São pessoas que se definem pelo que têm ou podem obter, não pelo que são.

Quando um destes a um destes jovens é dado um propósito maior, uma causa, sobretudo uma causa difícil, quando lhes é pedido um sacrifício em favor de um bem maior, quando lhes é dada uma razão de existir que os ultrapassa, muitos agarram-se a isso como se nada mais houvesse no mundo!


Se calhar seria boa ideia reinstituir valores e criar propósitos maiores na sociedade ocidental, que é como um balão que se expande. Uma superfície cada vez maior, mas completamente vazia por dentro…
…e um balão tem um limite até onde pode esticar, antes de rebentar!

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