Sabes que mais? Vou-te contar um segredo.
Queres ouvir?
Presta atenção, então.
Sabes porque é que estás aqui, neste preciso momento, a ler estas palavras?
Achas que é fruto do acaso?
Pois eu garanto-te que não.
Todos os momentos anteriores da tua vida te trouxeram aqui. O que se passou na tua vida hoje, o que comeste de manhã ao pequeno-almoço, a tua noite de ontem, o que planeaste há um ano atrás, as escolhas que fizeste na adolescência, as que os teus pais fizeram por ti na infância… Desde o momento em que foste concebido este momento era inevitável. A partir o momento em que os teus pais foram concebidos, a tua concepção era inevitável. E assim por diante, por todas as incontáveis gerações.
Desde o primeiro hominídeo, o ser humano era inevitável. Desde o primeiro primata, o hominídeo era inevitável. Desde o primeiro mamífero, o primata era inevitável…
Desde a primeira célula, desde que o Sol se incendiou e começou a formar o sistema solar, desde que a via láctea se formou, desde a origem do universo…
É essa a tua única importância, a tua essência. Tudo o que fizeste ou irás fazer é absolutamente inevitável, e por mais que aches que podes alterar alguma coisa, por maior que seja a tua ilusão de que tens livre arbítrio e controlas o teu destino, vives apenas numa ilusão que te deixa contente.
Aquelas que pensas serem as tuas decisões não passam de reflexos condicionados por tudo o que se passou na tua vida ao leque de escolhas possíveis numa dada ocasião. Se alguém souber tudo sobre ti e sobre a situação em que te encontras pode afirmar com toda a certeza a decisão que vais tomar a seguir.
Não passas, no fundo de um mero efeito de uma causa anterior, efeito essa que se transforma em causa para efeitos posteriores.
Sempre foi assim e sempre assim será, portanto dou-te um conselho:
-Relaxa! Aproveita a viagem. Aprende. Observa. Absorve o que te rodeia e lembra-te que todos os que se cruzam contigo, até aquela pessoa que nunca viste e que não vais voltar a ver mas que apanha o mesmo metro que tu naquele dia, naquela hora, teve alguma influência na tua vida. Se ele não estivesse lá, o teu dia seria diferente e o mundo seria deferente.

4 comentários:

  1. Não sei se gosto disso, embora concorde com quase tudo mas... não sei se gosto disso.

    Boa tarde (.)

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    1. Não diga isso!
      O determinismo é absolutamente libertador!
      Se percebemos que todas as nossas escolhas estão condicionadas, quer por factores externos, quer por nós próprios, pelas nossas vivências e ideias, pela aprendizagem que nos incutiram, então é mais simples abrir mão do controlo ilusório que temos e vivenciar a viagem, aprender com ela, sem angustias.
      Afinal, nem sequer a nossa vida está plenamente nas nossas mãos...

      Como diria Mahatma Ghandi, não vale a pena preocuparmo-nos!
      Todos os problemas que têm solução serão solucionados.
      Todos os problemas que não têm solução jamais serão solucionados.
      Preocuparmo-nos, de uma maneira ou de outra, apenas nos faz viver numa infelicidade e angustia, faz com que estejamos presos ao que não conseguimos controlar!
      Perceber que nada conseguimos controlar dá-nos uma aceitação maior por tudo o que encontramos no nosso caminho.

      Torna-nos livres!

      E esta é a única verdadeira liberdade que temos!

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  2. Visto assim, até parece fácil. Talvez devêssemos viver e ensinar o desapego, logo a partir do primeiro passo, do primeiro dádá.

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    1. Não é curioso que todas as grandes religiões falem desse desapego como uma das mais essenciais condições para atingir a plenitude, ou o Nirvana, ou Shangri La, ou o céu, ou a iluminação...

      Afinal, Sidharta não precisou de se desapegar de tudo, inclusive do seu próprio corpo, para atingir a iluminação?

      Como diz o ditado: Buda sentou-se em frente a uma parede e esperou anos pela iluminação! Quem era mais sábio? Buda ou a parede?

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